Se o leitor é assíduo na leitura de temas relacionados à área médica, já deve ter observado que a obesidade é tema recorrente em artigos ligados às mais diversas especialidades. O propósito desse artigo é explicar a relação existente entre o excesso de peso e o câncer colorretal.
Trata-se da relação desses dois fatores com tumores que afetam o intestino grosso, que se divide em duas partes: cólon e reto. Eles são originados de pólipos, pequenas protuberâncias nas paredes do cólon, cujo crescimento é bastante lento. Como levam anos para se transformarem em tumores, há uma grande chance de serem identificados e tratados preventivamente.
O principal sintoma deste tipo de câncer é o sangramento ao evacuar. Alterações do hábito intestinal, gases, cólicas, anemia, emagrecimento e outros sinais devem contribuir para a suspeita de ocorrência do tumor.
Algumas medidas preventivas são reconhecidas pela medicina, tais como consumir uma dieta rica em frutas, legumes e verduras, evitar a ingestão de embutidos e carne vermelha, praticar exercícios físicos e combater a obesidade.
Sobre a prática de exercícios físicos, há estudos que mostram que a atividade física tem papel comprovado na prevenção desse tipo de câncer. Ao mesmo tempo, há estudos que mostram que o excesso de peso corporal está relacionado a diversos tipos de câncer, inclusive o do intestino.
Qual a relação entre a obesidade e o câncer colorretal?
Não parece difícil estabelecer uma relação entre câncer colorretal, atividade física e sobrepeso. A questão toda é explicar como ocorre essa relação.
Embora não seja possível dizer que há uma comprovação a respeito, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Yale, em Connecticut, Estados Unidos, encontrou evidências de uma relação direta entre a hiperinsulinemia e a evolução dos tumores, impulsionada pela maior oferta de glicose.
Hiperinsulinemia é um quadro caracterizado pela superprodução de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, que tem como função fazer a síntese da glicose, abastecendo as células com essa fonte energética. O estudo mostrou que o aumento do nível de insulina em cobaias animais, estimulado pela ingestão de gorduras, elevou também a captação de glicose pelas células cancerígenas, estimulando o crescimento destas.
Em outras palavras, o estímulo ao aumento do peso se transformou em fator de desenvolvimento da doença, o que explica a relação direta da prevenção do câncer colorretal com 3 fatores: alimentação, atividade física e controle de peso.
Por que é tão importante controlar o peso?
Há estudos que mostram que o uso de medicamentos contra o diabetes, como a metformina, inibe o crescimento de adenocarcinomas. O estudo da Universidade de Yale mostrou que pode haver até a regressão dos tumores com o simples controle da hiperinsulinemia.
O importante, todavia, é ressaltar a importância do controle da obesidade dentro do contexto do combate ao câncer. De acordo com o Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos, 40% dos novos casos de câncer diagnosticados estão relacionados com o excesso de peso. Ao mesmo tempo, a expectativa é de que no ano de 2050 a maior parte dos americanos terá esse problema.
A preocupação não está circunscrita aos estadunidenses. Dados do Ministério da Saúde apontaram que cerca de 20% dos brasileiros com idade superior a 18 anos, residentes nas capitais, são obesos. A boa notícia é que esse quadro não evoluiu nos últimos anos.
O ideal é que esse percentual comece a regredir, sobretudo a partir de uma mobilização da saúde pública no sentido de educar a população sobre a alimentação e a importância da atividade física na saúde. Além dos riscos individuais da obesidade, existe a expectativa de sérios problemas para o setor de saúde pública caso essa condição não seja controlada.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder os seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cirurgião em Belo Horizonte!
